Tire
suas dúvidas sobre o funcionamento das baterias de íons de lítio, usadas em
eletrônicos como smartphones, tablets e notebooks
Mesmo quem está acostumado com tecnologia tem
dúvidas sobre o funcionamento de componentes internos do celular, tablet ou
notebook. A bateria é um dos itens que suscita mais questionamentos. É comum
ouvir um amigo recomendar que o celular não fique no bolso para não esquentar
demais, esperar a carga da bateria acabar antes de conectar o aparelho ao
carregador, entre outras orientações.
Bateria dos smartphones perde capacidade assim que
sai de fábrica, dizem especialistas
Para ajudar os leitores a separar as recomendações
verdadeiras dos mitos, o iG conversou com Renato Franzin, professor do
Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Universidade de São Paulo, e com
Maria de Fátima Rosolem, pesquisadora de sistemas de energia do CPqD. Confira
as respostas abaixo:
1.
A bateria começa a perder sua capacidade assim que o aparelho sai de fábrica,
mesmo se ele não for usado?
Sim. Depois de pronta, se ficar sem uso a bateria
sofre reações internas e passa a descarregar. “Toda e qualquer bateria já nasce
morrendo”, diz Fátima. Para evitar o problema, as baterias são carregadas
parcialmente na fábrica, antes de chegarem às mãos do consumidor.
2.
É melhor esperar a bateria descarregar totalmente antes de conectá-la ao
carregador?
Não. O dono do aparelho pode usar o carregador para
completar a carga da bateria a qualquer momento. As baterias de íons de lítio
não sofrem do “efeito memória” que assombrava as baterias com tecnologia de
níquel-cádmio, usadas nos primeiros celulares, notebooks e telefones sem fio.
“Hoje os aparelhos têm tecnologia para reagir ao que o usuário fizer”, diz
Franzin.
3.
Deixar o celular plugado na tomada após a bateria estar carregada prejudica o
funcionamento da bateria?
Não. Segundo Fátima, os carregadores oferecidos pelos
fabricantes de celulares possuem um filtro que impede a passagem de corrente
elétrica quando a bateria está “cheia”. Contudo, essa proteção pode falhar e a
bateria pode aquecer. “Ao manter a bateria em uma temperatura alta, o usuário
reduz a sua vida útil”, diz Franzin.
4.
A bateria dura menos quando o usuário carrega o aparelho por meio da porta USB
do computador?
Em princípio, a qualidade da carga feita por meio da
porta USB é igual à da rede elétrica. Em alguns casos, diz Franzin, pode ser
ainda melhor, já que a corrente que chega à bateria do celular já foi
estabilizada pela fonte do computador antes. Contudo, o celular pode demorar
mais a carregar, já que a corrente elétrica oferecida pela porta USB é menor
que a da tomada.
5.
A bateria dura mais no frio do que no calor?
Segundo Franzin, as baterias são fabricadas para
funcionar em uma temperatura entre 20 ºC a 22 ºC. Em temperaturas muito altas,
a bateria pode deixar de funcionar corretamente, já que o calor reduz a
velocidade das reações eletroquímicas que ocorrem dentro da cápsula de metal.
“Em uma temperatura mais baixa, de 15 ºC, abateria pode até ter um ganho de
desempenho”, diz Franzin.
Embora o clima interfira pouco no funcionamento das
baterias, quem vive em locais de climas mais ameno, como as regiões Sul e
Sudeste do Brasil, pode usar a bateria por mais tempo e vice-versa. “Se a
bateria estiver em uso em um local quente, como o Piauí, a vida útil dela será
um pouco menor”, diz Fátima, do CPqD.
6.
A bateria pode explodir se ficar sob calor excessivo?
Que a bateria não deve ser exposta ao fogo, todo
mundo já sabe. Mas outras situações que envolvem temperaturas altas, como
deixar o celular no painel do carro, também podem acelerar a degradação dos
materiais que reagem dentro da bateria. “A energia que uma lâmpada consome em
uma hora está armazenada dentro da bateria. A preocupação é de que o calor não
faça ela liberar tudo isso de uma vez, causando uma explosão”, diz Franzin.
Deixar o celular no bolso, no entanto, não é uma situação que possa provocar,
por si só, a explosão de uma bateria.
7.
A bateria para de funcionar depois de alguns anos?
Sim. A bateria tem duração limitada, medida em
ciclos que incluem o processo de carga e descarga total. As baterias usadas em
celulares à venda no Brasil devem oferecer, no mínimo, 300 ciclos de carga, de
acordo com determinação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Segundo Fátima, do CPqD, o mais comum é que as baterias de grandes fabricantes
suportem pelo menos 1 mil ciclos.
8.
Posso usar um carregador diferente do que acompanha meu celular?
A recomendação é de que os usuários utilizem somente
o carregador recomendado pelo fabricante. O uso de carregadores fora da
especificação pode causar danos à bateria, aumentando o risco de explosão ou
mesmo reduzindo a vida útil do produto. “Só compre carregadores e baterias
homologados pela Anatel, pois eles passam por sete ensaios de laboratório para
garantir a segurança do usuário”, diz Fátima. As baterias e carregadores
homologados pela Anatel possuem um selo especial.
Fonte: iG
Tecnologia